9 de julho de 2009

Pensando.....


No post anterior, esqueci de comentar que também tenho mania de rever filmes e reler livros. Um fato qualquer, uma cena de novela e até mesmo uma música servem de estímulo para explorar o armário em busca de algo que, mesmo conhecendo, será totalmente novo.

Outro dia, foi Carta ao Pai (Kafka). Já na primeira linha - “Você me perguntou, recentemente, porque eu afirmo ter medo de você” - ....descobri porque tinha buscado a Carta.

Joe Jackson. (Sei que o assunto já cansou...mas já que comecei,...vou terminar!)

Pelo que pude perceber, por diversas vezes, nestes dias de luto, a fixação pelo sucesso dos filhos passou longe de ser comparada a uma saudável paixão pela música. Pouco sei da história da família, mas dá pra imaginar a relação dos filhos, principalmente, do caçula (talvez o mais sensível) com o pai. Velho de expressão rude e sorriso cínico; roupas e acessórios extravagantes, e que demonstrou frieza ao aproveitar os segundos abertos na tv, para falar sobre um novo selo musical...um novo sucesso! Os sentimentos dos filhos nunca foram prioridade!

Histórias assim provam que talento, sucesso, prestígio, fama e dinheiro nada têm a ver com felicidade. É difícil acreditar que um astro da música tenha, durante toda a vida, lutado contra o fantasma aterrorizante do pai. O fato de esperar proteção e afeto e receber medo e violência pode ter sido determinante para uma vida tão fantasiosa..tão irreal. Inclusive, não acredito que a transformação física do cantor tenha motivações raciais, mas pode ser o reflexo da rejeição ao pai e a tudo que ele representava.

Na Carta, Kafka também se revela indeciso, frágil e sem autoconfiança. Já o pai é descrito, sempre, como uma pessoa forte, fiel e trabalhadora, mas que de tanta segurança, acabou se tornando, aos olhos do filho, um gigante tirano que acreditava que o mundo girava ao redor do seu umbigo

Oprimido e introvertido, Kafka cresceu acreditando que nunca poderia corresponder às expectativas do pai. “Eu teria sido feliz por tê-lo como amigo, chefe, tio, avô, até mesmo (embora mais hesitante) como sogro. Mas justo como pai você era forte demais pra mim...hoje sou o resultado da sua educação e da minha docilidade”


Embora real, a Carta nunca foi entregue ao destinatário. Não sei ao certo, mas Hermann Kafka deve ter morrido sem conhecer o filho. E o filho, que morreu primeiro, também nunca soube, de verdade, quem era o pai.

Acredito que o líder do Jackson Five nunca tenha falado sobre sentimentos diretamente com Joe Jackson..não deve ter havido tempo, nem espaço, nem coragem! Para ambos! Não é que faço torcida para o jacaré no filme de Tarzan! Só não acredito que exista ser humano 100% algoz e nem 100% vítima.

É preciso muita doação e maturidade para cuidar do outro - pai do filho, filho do pai, mãe, irmão, amigos...e viver bem, em paz.

É!... Talvez seja isso!....

É melhor acreditar na falta de maturidade e doação de tantos Jacksons e Kafkas que vemos por aí...Talvez seja menos pior que reconhecer a simples falta de amor...carinho...amizade!

Um comentário:

  1. Indiferente ao assunto, gostei da "forma" como você escreveu. Fico orgulhosa por saber que tenho uma pontinha de influência nessa carreira que você abraçou com tanta força e determinação. O texto está perfeito...
    Você nasceu para escrever!
    Beijos.
    Divina

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